A ALEGRIA EM CRISTO O MANTEVE NA CHINA
(HUDSON TAYLOR)
“Confie nisso, a obra de Deus feita da maneira
de Deus nunca terá falta do suprimento de Deus” (Hudson Taylor’s Spiritual
Secret, 121). Quando Hudson Taylor escreveu essa frase, ele quis dizer todo
tipo de necessidade que temos – dinheiro, saúde, fé, paz e força. E essa é a
minha oração para este artigo: que você veja e experimente novas possibilidades
para a sua vida – mais fé, mais alegria, mais paz, mais amor e todo o dinheiro
que você precisa para fazer a vontade dele (que pode ser nenhuma).
E tudo isso é por causa de sua união
com Cristo, como é colocado tão bem em um dos textos favoritos de Taylor: “E o
meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada
uma de vossas necessidades”. (Filipenses 4.19). E então, por causa de tudo
isso, eu oro para que você se lance em algum empreendimento, algum sonho de
ministério, além de todas as suas inadequações reais ou percebidas, para a
glória de Cristo.
Conversão e Chamado para a China
Hudson
Taylor nasceu em 21 de maio de 1832, em Barnsley, Inglaterra, em uma casa
metodista devota. Com a idade de dezessete anos, ele foi drasticamente
convertido através das orações de sua mãe. Quatro anos depois, em 19 de
setembro de 1853, Taylor partiu para a China com a Sociedade Chinesa de
Evangelização. Ele não tinha treinamento formal em teologia ou missões. Ele
desembarcou em Xangai cinco meses e meio depois.
Ele
aprendeu a língua rapidamente e, em seus dois primeiros anos na China,
dedicou-se a dez extensas viagens evangelísticas ao interior. Então, em 20 de
janeiro de 1858, quando ele estava na China a quase cinco anos, Taylor se casou
com outra missionária, Maria Dyer. Eles estiveram casados por doze anos. Antes
de Maria morrer aos trinta e três anos, ela deu à luz oito filhos. Três
morreram no nascimento e dois na infância, e os que viveram até a idade adulta
tornaram-se missionários na missão que seu pai fundou, a “China Inland
Mission” (Missão no Interior da China).
Momento decisivo
Cinco anos
depois, depois que Taylor começou sua própria agência missionária – a China
Inland Mission – e em meio à prolongada frustração com suas próprias
tentações e falhas de santidade, a experiência de “fazer história” aconteceu.
Observe o que ele estava experimentando enquanto liderava à grande mudança. Ele
escreveu para sua mãe,
“[A
necessidade de sua oração] nunca foi maior do que no presente. Invejado por
alguns, desprezado por muitos, odiado por outros, muitas vezes culpado por
coisas das quais nunca ouvi falar ou que não tinha nada a ver, inovador naquilo
que se tornou regras estabelecidas de prática missionária, oponente de sistemas
poderosos de erro e superstição pagãos. Trabalhando sem precedentes em muitos
aspectos e com poucos ajudantes experientes, muitas vezes doentes no corpo,
perplexos na mente e constrangidos pelas circunstâncias – se o Senhor não
tivesse sido especialmente gracioso para comigo, se minha mente não tivesse sido
sustentada pela convicção de que o trabalho é dele e que ele está comigo. . .
Eu teria enfraquecido ou desmoronado. Mas a batalha é do Senhor e ele
conquistará”. (Hudson Taylor’s Spiritual Secret, 140–41)
O palco estava montado para a crise
que aconteceu em 4 de setembro de 1869, em Zhenjiang. O que aconteceu naquele
dia não foi efêmero. Ele olhou para trás quase trinta anos depois, dando graças
pela experiência permanente:
“Jamais
esqueceremos a bênção que recebemos, há quase trinta anos, através das
palavras, em João 4.14 ‘aquele, porém, que beber da água que eu lhe der NUNCA
MAIS TERÁ SEDE’. Quando percebemos que Cristo literalmente disse o que disse –
que “nunca mais” significa nunca mais, e “terá” significa terá e “sede”
significa sede – nosso coração transbordou de alegria ao aceitarmos a dádiva.
Oh, a sede com a qual nos sentamos, mas oh, a alegria com a qual saltamos do
nosso assento, louvando ao Senhor porque todos os dias de sede do passado se
foram, e para sempre! (Separation and Service, 46)
Devemos
ter cuidado para não sermos cínicos aqui. Taylor não era ingênuo. Ele
estava falando de uma experiência de trinta anos em que ele lutou com alguns
tempos muito difíceis. “Os dias de fome foram todos passados” não significa que
ele nunca teve desejos por Jesus novamente. Vamos nos voltar para o que isso
significa em breve. Mas, por enquanto, devemos simplesmente estar cientes de
que, como escreveu seu mais completo biógrafo, toda a sua vida “veio a ser
revolucionada” por essa experiência (The Shaping of Modern China, Vol.
2, 109).
Mantido pela União com Cristo
E no momento certo também. O ano
seguinte, 1870, foi o mais difícil de sua vida. Seu filho Samuel morreu em
janeiro. Então, em julho, Maria deu à luz outro filho, Noel, que morreu duas
semanas depois. E para coroar as tristezas de Hudson, em 23 de julho, Maria
morreu de cólera. Ela tinha trinta e três anos e deixou Hudson com trinta e
oito anos e com quatro filhos vivos.
Era como se Deus tivesse dado a
Taylor sua experiência extraordinária do Cristo que tudo satisfaz não como uma
espécie de cobertura do bolo da conversão, mas sim como uma maneira de
sobreviver e prosperar nas piores tristezas, que lhe ocorreram quase
imediatamente.
Um ano depois, Taylor partiu para a
Inglaterra. Enquanto ele estava lá, em 28 de novembro de 1871, se casou com a
mulher com quem ele passaria quase todo o resto de sua vida, Jennie Faulding.
Eles estiveram casados por trinta e três anos antes dela morrer em 1904, um ano
antes dele.
Em fevereiro de 1905, Taylor navegou
pela China pela última vez. Após uma visita a algumas das estações
missionárias, ele morreu no dia 3 de junho em Changsha, Hunan, aos setenta e
três anos de idade. O ano de 2015 marcou o 150º aniversário da missão que
Taylor fundou. Em 1900, havia cem mil cristãos na China, e hoje são cerca de
150 milhões. Esse crescimento é a obra de Deus: um planta, outro rega, mas Deus
dá o crescimento (1Coríntios 3. 6). No entanto, também é fruto do trabalho
fiel. E Taylor trabalhou mais tempo e mais arduamente do que a maioria. Esse
trabalho foi sustentado pela união com Cristo. Voltaremos a isso para ver o que
essa união significava para Taylor.
Queda das Escamas
Em 4 de
setembro de 1869, aos trinta e sete anos de idade, Taylor encontrou uma carta
de John McCarthy à sua espera em Zhenjiang. Deus usou a carta para revolucionar
a vida de Taylor. “Quando minha agonia de alma estava no auge, uma frase em uma
carta do querido McCarthy foi usada para remover as escamas de meus olhos, e o
Espírito de Deus revelou-me a verdade de nossa união com Jesus como eu nunca
havia conhecido antes” (Hudson Taylor’s Spiritual Secret, 149).
A oração de Efésios 1.18 foi
respondida como nunca antes: “iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes…”
Taylor disse: “Enquanto eu lia, eu via tudo! . . . Eu olhei para Jesus e vi (e
quando eu vi, oh, como a alegria fluía!) que Ele havia dito: “Eu nunca te
deixarei”.
“Eu vi não
somente que Jesus nunca me deixaria, mas que sou um membro de seu corpo, de sua
carne e de seus ossos. A videira não é a raiz apenas, mas toda – raiz, caule,
galhos, ramos, folhas, flores, frutos. E Jesus não é só isso – Ele é terra, luz
do sol, ar e chuvas, e dez mil vezes mais do que jamais sonhamos, desejamos ou
precisamos. Oh, a alegria de ver essa verdade”! (Hudson Taylor’s Spiritual
Secret, 149–50)
Taylor
experimentou uma revelação tão poderosa da inexprimível realidade da união com
Cristo, como um fato absoluto e glorioso de segurança, doçura e poder, que
carregava nele sua própria eficácia. “Como conseguir a fé fortalecida? Não
lutando pela fé, mas apoiando-se naquele que é fiel” (Hudson Taylor’s
Spiritual Secret, 149).
Décadas de descanso em Jesus
Agora, é bem conhecido que Taylor foi
significativamente influenciado pelo Movimento “Keswick” e suas visões de
santificação, que, nos piores representantes, são seriamente defeituosas. Minha
conclusão é que Taylor não foi um dos piores representantes, e que ele estava
protegido das piores falhas de Keswick por sua fidelidade à Bíblia, sua
experiência de sofrimento e tristeza ao longo da vida e sua crença na soberania
de Deus.
Primeiro, Taylor estava saturado com
a Bíblia, e a interpretação de sua experiência era moderada pela Bíblia. Isso
significa que, em sua experiência, a caminhada de fé não foi tão passiva quanto
ele fazia parecer.
Ao longo
dos anos, Taylor temperou sua linguagem, mas nunca perdeu a maravilha de estar
realmente unido à videira. Sua vida foi uma afirmação retumbante de que Deus
usa meios para preservar, aprofundar e intensificar nossa experiência de união
com Cristo. Nas palavras do próprio Taylor, “a comunhão com Cristo requer que
nos aproximemos dele. Meditar sobre sua pessoa e sua obra requer o uso
diligente dos meios da graça e especialmente a leitura piedosa de Sua Palavra.
Muitos falham porque habitualmente jejuam em vez de se alimentar” (Hudson
Taylor’s Choice Sayings, 2). O novo padrão de Taylor era ir para a cama
mais cedo e depois acordar às cinco horas da manhã “para dedicar tempo ao
estudo da Bíblia e oração (muitas vezes duas horas) antes do início do trabalho
do dia” (Hudson Taylor’s Spiritual Secret, 145).
A segunda razão pela qual a
experiência de mudança de vida de Taylor durou foi que ele via o sofrimento
como a maneira usada por Deus para aprofundar e incentivar sua experiência de
união com Cristo.
O agricultor faz muitas coisas pelos
ramos. Mas a única tarefa em que Jesus se concentrou em João 15 foi podar ou
cortar. O objetivo disso é preservar, intensificar e tornar frutífera a união
do ramo com a videira. Taylor disse:
“É somente
no julgamento da graça de Deus que sua beleza e poder podem ser vistos. Então
todas as nossas provações de temperamento, circunstâncias, provocações,
doenças, desapontamentos e privações darão um melhor polimento ao espelho, e
nos capacitarão a refletir mais completa e perfeitamente a glória e
bem-aventurança de nosso Mestre. (Days of Blessing in Inland China, 61)
Finalmente,
sua experiência de doce união com Cristo durou porque ele abraçou a absoluta
bondade e soberania de Deus em seu sofrimento e sua união com Cristo. Quando
ele tinha cinquenta e dois anos e estava confinado na cama e se sentindo
esquecido, ele escreveu: “Então decida que Deus é infinitamente soberano, e tem
o direito de fazer o que quiser com o que é seu, e ele não pode explicar a você
mil coisas que podem confundir sua razão em seu tratamento com você ” (It
Is Not Death to Die, 8).
Em outras palavras, o agricultor pode
usar qualquer coisa e qualquer pessoa que ele desejar para podar o ramo que ele
ama (João 15.1–2).
Cheio da plenitude de Deus
Embora o ensinamento de Keswick
possa, em muitos casos, enfatizar demasiadamente a passividade da busca da
santidade e exagerar quanto às manifestações de experiências de
consagração como meio de entrar na “vida superior”, a vida de Taylor testemunha
a possibilidade de viver em meio às dificuldades com mais paz, mais alegria e
mais frutos do que a maioria de nós gosta.
Se Deus lhe der um momento de
experiência dessa percepção que dure pela vida toda, como ele fez com Hudson
Taylor, ou levar você a ir se aprofundando ao longo do tempo, não se contente
com nada menos do que Paulo experimentou em Filipenses 4 e pelo que ele orou em
Efésios 3.19: “para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus”. Não pare
de desejar essa plenitude e persegui-la.
Se Hudson Taylor estivesse aqui, ele
diria: “É seu em Cristo. Tome posse disso. Aproveite. Quem sabe? Deus pode
fazer nascer, através de você, um ministério que dure 150 anos”.
Por: John Piper. © Desiring God Foundation. Website: desiringGod.org.
Traduzido com permissão. Fonte: Joy in Christ Kept Him in China.
Original: A alegria em Cristo o manteve na China (Hudson Taylor). ©
Voltemos ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados.
Tradução: Paulo Reiss Junior. Revisão: Filipe Castelo Branco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário